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Deputado de direita aliado de Orbán deixa partido governista húngaro depois de flagrado em orgia gay em Bruxelas

Deputado de direita aliado de Orbán deixa partido governista húngaro depois de flagrado em orgia gay em Bruxelas
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BUDAPESTE E BRUXELAS – O político húngaro Jozsef Szajer, que foi a voz mais forte do primeiro-ministro ultranacionalsta Viktor Orbán no Parlamento Europeu, deixou nesta quarta-feira o partido governista Fidesz, dias depois de vir à tona que ele fugiu por uma calha de uma orgia gay em Bruxelas, onde a polícia fez uma batida por infração das medidas que limitam as reuniões por causa da pandemia da Covid-19.

O caso é um embaraço para Orbán e para o Fidesz, que em seus 10 anos no poder vêm defendendo o que chamam de valores cristãos e da família e têm feito campanha contra a comunidade LGBT+ na Hungria.

Orbán disse ao jornal Magyar Nemzet que a atitude de Szajer, que no domingo já havia renunciado a sua cadeira no Parlamento Europeu, foi “indefensável”.

— Ele tomou a única decisão apropriada quando se desculpou, renunciou ao cargo de membro do Parlamento Europeu e deixou o Fidesz — disse. — As ações de nosso colega deputado são incompatíveis com os valores de nossa família política.

Na Bélgica, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e o sexo coletivo com consentimento dos participantes são permitidos, mas a festa em que Szajer estava foi interrompida na última sexta-feira porque violava as normas da quarentena imposta para conter a segunda onda do coronavírus.

— Não sentamos para beber chá. As pessoas estão aqui para fazer sexo — disse David Manzheley, o organizador da festa, à agência Reuters, em seu apartamento no centro de Bruxelas.

Szajer, de 59 anos, foi fundador do Fidesz e aliado de Orbán por mais de 30 anos. Em Bruxelas, foi o principal nome do partido no Parlamento Europeu, e teve um papel fundamental nas reformas constitucionais feitas na Hungria depois que Orbán chegou ao poder em 2010, com ampla maioria parlamentar. Sua mulher é membro do Tribunal Constitucional, a corte máxima húngara.

As reformas da Carta mudaram a legislação eleitoral, faciltando a obtenção de supermaiorias pelo Fidesz, e definiram o casamento como a “união entre um homem e uma mulher”. Além disso, outras medidas impulsionadas pelo partido têm dificultado a vida da comunidade LGBT. Uma lei aprovada em maio deste ano proibiu a troca do sexo de nascimento em documentos. Há também uma proposta em discussão para a proibição da adoção por casais do mesmo sexo.

“Enquanto ele (Szajer) passa muito bem na Bruxelas aberta aos LGBT, faz a vida impossível para seus pares na Hungria”, tuitou Szabolcs Panyi, jornalista do site investigativo Direkt36.

A polícia belga deteve cerca de 20 pessoas na festa na casa de Manzheley. Os promotores belgas não acusaram formalmente ninguém, mas disseram que a polícia deteve um homem com as iniciais S. J., nascido em 1961, que tentou fugir do local pela calha e foi encontrado com drogas em sua mochila.

Szajer negou usar drogas e disse que se ofereceu para fazer um teste no local, mas que a polícia não o fez. “A polícia disse ter encontrado pílulas de ecstasy. Não eram minhas, não sei quem as colocou lá nem como. Eu disse isso à polícia”, disse ele em nota. O caso provocou um escândalo em Budapeste, onde Szajer e o Fidesz foram chamados de hipócritas.

— Enquanto os políticos do Fidesz fazem sermões sobre cristianismo e família, levam uma vida completamente diferente — disse o ex-premier Ferenc Gyurcsany, de centro-esquerda.

Manzheley, o organizador da festa, disse que 30 pessoas compareceram na noite de sexta-feira, muito menos do que as 100 que costumam frequentar os eventos em sua casa. Ele não conhecia todos que estavam, mas reconheceu Szajer posteriormente, disse. Manzheley disse não ser alvo de acusação formal e queixou-se de tratamento violento por parte da polícia.

Os convidados de suas festas costumam se despir na chegada, e alguns deles usam fantasias, contou, mostrando as luzes que costuma usar nas reuniões.

— O Natal está chegando. As pessoas estão com sede de se ver. É absolutamente normal que os caras da comunidade gay estejam em busca de soluções para se encontrarem — disse. — Sim, ele (Szajer) estava presente, como muitos outros políticos de diferentes países.

Segundo analistas, o incidente pode causar prejuízos políticos para Orbán, em um momento de embate entre ele e a União Europeia. Ao lado da Polônia, governada pelo também ultranacionalista Partido Lei e Justiça, o governo húngaro ameaça vetar o Orçamento da UE e o pacote de recuperação pós-pandemia se os parceiros de bloco insistirem em vncular o repasse de fundos ao respeito ao Estado de direito. Os dois países são acusados de comprometer a autonomia da Justiça e perseguir a imprensa independente.

Para o analista Zoltan Lakner, diretor do semanário Jelen, o caso de Szajer, grande conhecedor do Parlamento Europeu, onde estava desde 2004, debilitará a posição de Orbán na próxima cúpula da UE, no dia 10.

extra.globo

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