Quais são as famílias investigadas na operação que prendeu Deolane e tiveram R$ 268 milhões bloqueados
A chamada Operação Integration chamou atenção para as casas de apostas
No dia 1º de dezembro de 2022, a Polícia Civil chegou à sede da Banca Caminho da Sorte, no bairro Afogados, no Recife, e apreendeu, entre outros documentos, R$ 180.176,45 em espécie. Também chamou atenção um caderno com o nome da Rayssa Souza, com anotações diárias das apostas e dos prêmios pagos do jogo do bicho e do futebol (Esportes da Sorte).
“Tudo demonstrando a relação umbilical entras as duas modalidades tipificadas como contravenção penal (jogo do bicho e jogo de azar)”, diz o inquérito “Como as bancas de bicho têm estrutura familiar, solicitamos um Relatório de Inteligência Financeira junto ao SEI-C do COAF da Receita federal de CPFs e CNPJ”.
Era o início da Operação Integration, que passou a investigar por lavagem de dinheiro alguns empresários e gente famosa, como Deolane Bezerra e Gusttavo Lima. O primeiro alvo foi Darwin Henrique da Silva e seu filho homônimo, donos respectivamente da Caminho da Sorte e Esportes da Sorte. A partir daí foram surgindo novas denúncias e outras empresas e famílias envolvidas, com muito, muito dinheiro em jogo.
Não era só mais uma família Silva
Aos 34 anos, Darwin Henrique da Silva Filho é tido como o cabeça do esquema para lavar e ocultar dinheiro de origem ilícita, que tem outros cinco nomes da mesma família envolvidos, segundo o inquérito da Polícia Civil. É o dono da Esportes da Sorte e de mais quatro empresas: X1 BPEE Ltda, DHF Produções e Promoções de Eventos, DHF Participações Ltda e Edscap Ltda.
Maria Eduarda, sua mulher, também é investigada por movimentações financeiras suspeitas. Irmã de Darwin, Marcela tem um escritório de advocacia de fachada, de acordo com a polícia, e teria movimentando mais de R$ 7 milhões do que o declarado.
Patriarca dos Silva, Darwin, o pai, é chamado de bicheiro na investigação e é o homem por trás da rede de bancas Caminho da Sorte. Sua ex-mulher, Maria Aparecida, mãe de Darwin e Marcela, também é investigada por depósitos incompatíveis com sua renda.
Assim como sua irmã, Dayse da Silva, ligada às empresas da família. Atual mulher de Darwin pai, Giorgia Duarte, também virou alvo por ter dois Porsches em seu nome e transações financeiras suspeitas. Todos os sete investigados tiveram R$ 104 milhões bloqueados.
Um casal discreto e outro nem tanto
Enquanto alguns investigados aparecem ostentando e posando com celebridades, Thiago e Rayssa Rocha formam o casal mais discreto entre os investigados. Antes de terem o mandado de prisão revogados, no início da semana passada, foram considerados foragidos, com nomes na lista vermelha da Interpol.
De Campina Grande, na Paraíba, ele é sócio da Zelu Brasil Facilitadora de Pagamentos Ltda e da BUP Sociedade de Crédito Direto SA, ambas empresas suspeitas de “lavar” milhões de reais, que tem Rayssa também como sócia. Cada um teve R$ 30 milhões bloqueados, aponta o inquérito da Polícia Civil.
André e Aislla são os outros “Rocha” investigados e mais, digamos, exibidos. Estavam naquele barco na Grécia com Gusttavo Lima, de quem são próximos. Ele é sócio da Pix365 Soluções Tecnológicas e da J. M. J Participações Ltda. Já Aislla consta como sócio da segunda. O casal teve, no total, R$ 65 milhões bloqueados, sem contar os bens materiais, como as duas Land Rovers dela, comprada por mais de R$ 1 milhão cada.
Cunhado de Darwin envolveu mãe e tia, aponta polícia
Também do Recife, Eduardo Pedrosa é casado com Marcela Silva, portanto cunhado de Darwin Filho. Ele é sócio da Estação do Seguro Corretora e Administração de Seguros Ltda. Seu nome aparece no inquérito por ter feito transações financeiras para outros investigados. Teve R$ 15 milhões bloqueados.
Mãe de Eduardo, Maria Bernadete teve R$ 1 milhão bloqueado. Segundo a investigação, ela é acusada de receber transações suspeitas do próprio filho. Já sua tia, Maria Carmen, teria feito movimentações financeiras suspeitas.
Ostentação que não saiu barato
O nome de Deolane Bezerra nem de sua mãe, Solange, apareciam no início da Operation Integration, que acabou levando à prisão das duas. A Polícia Civil só começou a ficar de olho na influenciadora após ela comprar por R$ 3,85 milhões uma Lamborghini Urus da Esportes da Sorte, devidamente ostentada por ela na web.
Segundo o inquérito, ela é acusada de lavar dinheiro e movimentar valores suspeitos nas contas da família. Solange, por sua vez, teria recebido e repassado quantias incompatíveis com sua renda declarada. Em menos de um mês, movimentou R$ 478.973,61, aponta a investigação. De Deolane, foram bloqueados R$ 20 milhões, e R$ 3 milhões de sua mãe.