Brasileiros vão às ruas contra a “PEC da Impunidade” e o perdão aos golpistas de 8 de Janeiro

Os brasileiros deram uma resposta clara à Câmara dos Deputados neste domingo (21). Milhares de manifestantes tomaram as ruas de várias cidades do país contra a chamada PEC da Blindagem — apelidada de “PEC da Impunidade” — e contra o projeto de anistia aos golpistas do 8 de Janeiro. Em São Paulo, os protestos ganharam força com a exibição de uma enorme bandeira do Brasil na Avenida Paulista, em contraponto a apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que no 7 de setembro exibiram um bandeirão dos Estados Unidos.
PEC da Blindagem: retrocesso e privilégios
Na última terça-feira (16), a Câmara aprovou a PEC nº 3/2021, que restringe a prisão de parlamentares a casos de crimes inafiançáveis e permite que a própria Casa decida, em até 24 horas, sobre a manutenção da detenção. A medida também amplia o foro privilegiado para presidentes de partidos com representação no Congresso.
O texto segue agora para o Senado, onde enfrenta forte resistência. O relator, senador Alessandro Vieira (MDB-SE), anunciou que recomendará a rejeição da proposta, classificando-a como nociva ao país. “Os prejuízos que essa PEC traria aos brasileiros são enormes”, afirmou. O presidente da CCJ, Otto Alencar (PSD-BA), também a chamou de retrocesso, enquanto o MDB, em nota, denunciou o texto como símbolo de “impunidade absoluta”.
Anistia aos golpistas em debate
Outro ponto central da mobilização foi o projeto de anistia aprovado em regime de urgência pela Câmara em 17 de setembro. O relator, deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), sinalizou que não deve propor perdão integral a Bolsonaro e seus aliados, mas admite sugerir redução de penas.
Bolsonaro foi condenado pelo STF a 27 anos e 3 meses de prisão por tentativa de golpe. Desde agosto, cumpre prisão domiciliar com tornozeleira eletrónica, após decisão do Supremo motivada por indícios de obstrução de justiça envolvendo seu filho, Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Pressão externa e mobilização popular
O cenário político se agravou após o governo de Donald Trump anunciar tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, alegando “perseguição política” contra Bolsonaro. O presidente norte-americano chegou a exigir que o julgamento fosse interrompido, mas o STF manteve o processo e confirmou a condenação.
Em resposta, os atos do último domingo foram marcados pela defesa da soberania nacional e da democracia. Os organizadores destacaram que a bandeira brasileira na Paulista simboliza resistência às pressões externas e ao desmonte institucional promovido por setores internos.
No dia 7 de setembro, manifestações da direita reuniram cerca de 48,8 mil pessoas na mesma avenida pedindo a anistia de Bolsonaro. Agora, os protestos da sociedade civil demonstram que cresce a rejeição popular à impunidade e aos retrocessos em curso no Congresso.
Redação