Seita liderada por pai de santo é alvo de investigação por tortura e abuso sexual no DF

Uma investigação conduzida pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) revelou um esquema de abusos físicos, sexuais e psicológicos praticados por Leonardo Laurindo da Silva, conhecido como “Derick”, de 34 anos, líder de um terreiro de Umbanda e Candomblé instalado no quintal da casa das vítimas, em Recanto das Emas.
Segundo os agentes da 27ª Delegacia de Polícia, os crimes ocorreram ao longo de nove anos e atingiram diretamente cinco pessoas da mesma família, incluindo crianças e adolescentes. Leonardo foi preso preventivamente nesta terça-feira (7/10), após operação que reuniu provas contundentes de estupro de vulnerável, tortura, lesão corporal, constrangimento ilegal, extorsão e abuso sexual infantil.
De acordo com os depoimentos, o acusado conquistou a confiança da mãe das vítimas após sua separação, apresentando-se como conselheiro espiritual. Com o tempo, passou a exercer controle emocional e espiritual sobre ela e seus filhos, utilizando supostas incorporações de entidades para justificar agressões e manipulações.
Os rituais religiosos evoluíram para sessões diárias de violência, humilhação e abusos. Crianças eram submetidas a agressões físicas severas e atos de violência sexual. Participantes do terreiro eram obrigados a permanecer nus, sofrer toques e constrangimentos públicos. A mãe das crianças também foi alvo de humilhações e ameaças.
A investigação aponta que Leonardo operava um sistema de dominação baseado em medo, isolamento e manipulação espiritual. Seguidores do terreiro monitoravam os movimentos da família, e ameaças de punições espirituais eram usadas para silenciar as vítimas.
Além dos abusos físicos e sexuais, o líder religioso impunha taxas e contribuições obrigatórias, promovia mutilações e mantinha as vítimas afastadas de redes de apoio, como familiares e escolas.
A PCDF reuniu documentos, depoimentos e evidências que confirmam a existência de uma rede de violência sistemática. O caso segue sob investigação, e as vítimas estão recebendo acompanhamento psicológico e proteção institucional.
REDAÇÃO COM METROPOLES